A Ìndia e os conflitos religiosos












Conflitos religiosos na região da Caxemira

Os conflitos religiosos são mais um
dos graves problemas que a sociedade
indiana enfrenta. Os conflitos entre
muçulmanos e hindus e entre a Índia e
o país vizinho Paquistão já contam
décadas de existência.

Índia e Paquistão eram ambos
colônias britânicas. Em 1947 as duas
regiões, ainda unidas, conquistaram a
independência. Os ingleses repartiram
a região de acordo com a religião das
maiorias. Dessa forma, surgiram a
Índia, país de maioria hindu, e o
Paquistão, que por sua vez tem maioria
muçulmana.

Na época, a divisão feita pelo
governo britânico foi responsável pelo
maior êxodo da história moderna. Cerca
de quinze milhões de pessoas tiveram
que deixar suas casas e mudar-se para
as áreas de suas respectivas
religiões. Os muçulmanos que estavam
na Índia tiveram de abandonar tudo e
rumar para o Paquistão e os hindus que
viviam no Paquistão também deixaram
tudo para trás e foram obrigados a
viver na Índia.
























Paquistão, fronteira com a Índia

Toda essa multidão trasladou-se de
um país para o outro entre abril e
novembro de 1947. Nesse período o
norte dos dois recém-criados países
ficou repleto de longas levas de
imigrantes, que viajaram em trens
abarrotados, em caminhões ou mesmo a
pé.

No meio desse gigantesco êxodo —
hindus de um lado da estrada
dirigindo-se à Índia e muçulmanos do
outro lado do caminho rumando para o
Paquistão —, explodiram o ódio racial
e a intolerância religiosa.

Não há números exatos, mas as
estimativas apontam para cerca de
quinhentos mil a dois milhões de
mortos. Mahatma Gandhi (1869-1948),
que havia unido muçulmanos e hindus na
luta pela liberdade e era tido como o
principal líder da resistência ao
domínio britânico, entrou em greve de
fome em protesto contra a violência.

Desde então, as relações entre os
dois países foram marcadas pela
desconfiança. Mais de vinte mil
pessoas morreram na região desde 1989.

Essa divisão causou vários
problemas. O maior deles é a região da
Caxemira, a qual fica ao norte dos
dois países e é marcada por suas
enormes montanhas.


A Caxemira era um dos 560 principados virtualmente
independentes no momento em que cessou o domínio britânico. Esses pequenos feudos hereditários eram livres para escolher qual dos dois países eles integrariam. A decisão cabia sempre ao príncipe mas obedecia, na maioria da
vezes, razões de ordem geográfica e à
vontade da maioria das populações
diretamente afetadas, Porém, quando o príncipe Junagadh, de religião
muçulmana, optou pelo Paquistão,
apesar de 80% da população de seus
súditos ser formado por hindus, o
governo da Índia decidiu ocupar
militarmente a região e um plebiscito
anulou a decisão do príncipe.

Um outro príncipe muçulmano, de
nome Hyderabad, hesitou em decidir-se.
A população de seu principado era
formada por uma maioria hindu — cerca
e 80% — e o governo da Índia, frente à
hesitação do príncipe, decidiu ocupar
militarmente a região.

No caso da Caxemira, onde a maior
parte da população é muçulmana, mas a
região, segundo a divisão feita pelos
ingleses, pertence à Índia, ocorreu
exatamente o oposto. O marajá hindu
decidiu tornar o seu reino território
hindu enquanto cerca de 75% da
população local era muçulmana. Essa
decisão revoltou a maioria e o marajá
teve de solicitar apoio militar à
Índia, o que levou a armada
paquistanesa a oferecer imediata
resistência às forças indianas. Após
um período de luta, em 1949, o
Conselho de Segurança das Nações
Unidas ordenou um cessar-fogo,
deixando sob o poder indiano o vale da
Caxemira e a maior parte dos
territórios de Jammu e Ladakh.

Seguindo a linha do cessar-fogo, as
porções norte e oeste da Caxemira
(cerca de 40% do território) couberam
ao Paquistão, que lhe deu o nome de
Azad Kashmir (que significa Caxemira
livre). Depois, ambas as nações
acordaram que futuramente seria feito
um plebiscito para definir o destino
de toda a região; porém, a Índia
jamais cumpriu essa cláusula. Para
piorar a situação, em fevereiro de
1994, o Parlamento indiano declarou
solenemente que a Caxemira
(incluindo-se também o território até
então em poder do Paquistão) era parte
inseparável da União Indiana.

A região da Caxemira, hoje um dos
pontos mais tensos do mundo, é muito
importante tanto para Índia quanto
para o Paquistão. Sua importante
posição estratégica entre o
Afeganistão e o Tibete (país que a
China conquistaria em 1951), além da
sua proximidade com o Tadjiquistão
(que, na época, fazia parte da União
Soviética), tinha uma importância
muito grande num contexto de Guerra
Fria.

Em 2005, após 58 anos, a fronteira
na região da Caxemira pode ser
atravessada a pé. A abertura aconteceu
em novembro daquele ano graças a um
acordo entre Índia e Paquistão. O
acordo ocorreu pouco mais de um mês
após um terremoto de 7,6 graus na
escala Richter assolar a região,
matando mais de 87 mil pessoas. Em
Islamabad, no Paquistão, houve um
número ainda maior de vítimas.

Comentários

Anônimo disse…
gostei muito deste blog estao de parabens
Anônimo disse…
O texto sobre a Índia e seus conflitos religiosos é ótimo. Possuí um linguagem clara e objetiva. Estão de parabéns!